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13ª Edição

20 a 26 de NOVEMBRO

Nota Curatorial

Pequenas Sessões em sua 13ª edição inspira-se na água e no som enquanto elementos essenciais para o surgimento do fenômeno da vida. Aqui bebemos da concepção de que o recurso natural água é fonte da vida. Nela surgiram as primeiras manifestações de vida que precederam o aparecimento das formas de existência terrestres.

É um componente bioquímico essencial de seres vivos, indispensável para várias espécies de vegetais e animais, e responsável por equilibrar, conservar a biodiversidade e regular o clima do planeta.

Correspondente temos o som como “recurso” primordial que dá origem as Pequenas Sessões. Foi a partir dele que surgiu o primeiro impulso para dar vida a esse evento. É um componente essencial do qual “alimentamos” para idealizar cada edição, sendo indispensável para as propostas curatoriais e atividades artísticas, bases de nossa existência como festival.

O SOM E A ÁGUA ENQUANTO VIDA

Ao estabelecer essa analogia criamos a chance de produzir questionamentos e provocar interpretações distintas que nos levem refletir a maneira como nos relacionamos com ambos elementos, água e som, e quais as ressonâncias provocadas no horizonte da vida.

Constantemente nos deparamos com debates acerca das consequências decorrentes das drásticas intervenções humanas na natureza. Por um lado, o uso insustentável da água acarreta o risco eminente de sua escassez, por outro, a violenta intervenção em territórios dizima diversas espécies animais e vegetais e modificam radicalmente ecossistemas locais, provocando o desaparecimento de paisagens sonoras.

O som e a água enquanto vida surgem como um chamado à necessidade urgente de reflexionar, e mais que isso, ressignificar os modos de existir enquanto civilização. A temática curatorial desta edição emerge no intuito de provocar artistas, público e demais interessados a investigar quais as (im)possíveis ações iminentes devemos realizar para diminuir o impacto nos habitats onde nos encontramos. Habitats estes que, nutrem uma capacidade limite de recursos disponíveis para a existência das diversas vidas humanas e não humanas que neles convivem.

Sem água a civilização desintegra, o planeta perece, a vida inexiste. Sem som o estímulo finda, o festival sucumbe, as Pequenas Sessões acabam.

Pequenas Sessões reúne arte as demais áreas de conhecimento no intuito de mudar a realidade, deslocando sentidos para uma dimensão cultural e social que imaginem futuros possíveis.

Nossa 13ª edição é um convite àquelas pessoas que desejam compartilhar processos e formular questões que ajudem a pensar um outro mundo.

Convidamos todos a participarem inscrevendo projetos na chamada aberta, coletivamente nas ações de formação e seminário que acontecerão na semana de 20 a 25 de novembro de 2023. Será imensa alegria ter vocês para trocarmos experiências e vivências!

— Equipe Pequenas Sessões —

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pequenassessoes@gmail.com

Festival Pequenas Sessões
13ª Edição - 2023

© PEQUENAS SESSÕES 2023

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Afluências

Anderson Benvindo

Ficha Técnica
Composição e instrumentação: Anderson Benvindo

Sobre a obra
Afluências é uma composição baseada na ideia de padrão e processo.

O fruidor é convidado a perceber o movimento proposto pelo acúmulo sonoro que ocorre gradualmente na composição.

Na apresentação de melodias que se relacionam de forma assimétrica para a construção de uma massa sonora, dadas as implicações de contrapontos resultantes dos movimentos internos e do acúmulo de melodias, nos momentos em que lhe são tangentes dissonâncias ou consonâncias, a serem executadas alternadamente entre os grupos instrumentais, gerando uma variação nos timbres das melodias apresentadas.

A inspiração para esse movimento de apresentação e acúmulo veio da ideia de "afluente", emprestada da linguagem dos rios. Semelhante à maneira como afluentes se juntam para formar um rio maior, as relações sonoras e contrapontísticas se originam da acumulação progressiva de melodias, convidando o ouvinte a uma audição atenta dos ostinatos apresentados. Mesmo que um ostinato seja temporariamente perdido, há a oportunidade de encontrá-lo novamente quando executado por outro instrumento em diferentes relações de tempo e espaço, semelhante ao constante movimento de um rio.

A obra também explora momentos de densidade sonora ao introduzir dissonâncias que são acumuladas em um padrão de polirritmia (2:3:4:5:6), evocando a ideia de correntezas irregulares e mais “violentas”. Isso cria uma experiência imersiva à medida que as notas são atacadas com variações de timbre e intensidade, resultando em interações rítmicas complexas.

Afluências incorpora ostinatos para percussão organizados em pares de idiofones de agitação e percussão. Esses ostinatos são apresentados alternadamente, semelhante a um movimento fade in/fade out (crescendo/diminuendo). Eles podem ser executados por grupos de percussionistas ou previamente gravados, permitindo a utilização de samples disponíveis ou gravações feitas pelos próprios intérpretes. Essa abordagem é inspirada na ideia de um compositor de gravação, semelhante ao conceito apresentado por Gilberto Mendes em "Nascemorre" (1963).

A instrumentação de Afluências é flexível, seguindo a proposição do compositor Julius Eastman em "Stay On It" (1973). No entanto, sugere-se manter uma relação equilibrada de alturas e a inclusão de piano e violões. O objetivo é alcançar um acúmulo de timbres e criar uma paisagem sonora rica, alinhada à filosofia de assimilação como motor criativo da obra. A massa sonora desempenha um papel significativo, embora não seja completamente contingente, para o ethos da composição.

É um convite à escuta mútua, na qual os músicos estão atentos aos ostinatos executados por seus colegas, e o público é convidado a ouvir atentamente o movimento sonoro presente em Afluências.

Sobre o artista
Anderson Benvindo é compositor e instrumentista, nascido em Porto Velho filho do compositor pós-tropicalista Anderson Benvindo Pereira, das bandas Perfume Azul do Sol (1974) e de parceria com o compositor Tom Zé, no disco homônimo de 1970 na canção “Lá Vem a Onda” (Tom Zé/Anderson Benvindo).

Graduando no curso de Licenciatura em Música pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR - e graduado Técnico em Trilha Sonora pela Academia Internacional de Cinema (2021).

Atua profissionalmente como professor de contrabaixo, musicalização infantil e Diretor Musical na School of Rock Porto Velho, única fora do eixo sul sudeste.

Colabora como instrumentista e compositor nas bandas Benvindo ao Pacífico, e Soda Acústica, lançando, respectivamente, os álbuns "Terra Firme" e "Entortando o Clichê, ambos em 2021, além do EP "Água Turva" de 2018 da banda Benvindo ao Pacífico e na Coordenação do Eixo Música no VI Festival Unir Arte e Cultura On-line (2020) enquanto bolsista de cultura do Programa Unir Arte e Cultura da Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis- PROCEA/UNIR Premiado pelo o 13° Salão de Artes de Rondônia - SART promovido pelo Governo do Estado de Rondônia através da Superintendência da Juventude, Cultura,Esporte e Lazer - SEJUCEL/RO com a obra “Vernissage Sonora” de Anderson Silva, Anderson Benvindo e Rinaldo Santos (2017) e do Prêmio Rondônia Autoral (2017) como membro e produtor musical da banda Soda Acústica, promovido pelas entidades supracitadas.

Como diretor musical atuou na montagem do espetáculo teatral "Canto Local" de Direção de Carlos Macedo Dias e texto de Antônio Serpa do Amaral (2015) e do recital de poesia “Mormaço” do Poeta Elizeu Braga (2017) - e na transmissão ao vivo do referido recital em 2020 exibida pelo SESC/RO - em composições de trilha sonora para a exposição “Povo Poder”, de Nilson Santos e Gabriel Bicho, produzida pelo Coletivo Madeirista – ACME - em 2015 realizada no espaço de convivência do SESC Esplanada em Porto Velho e em composição para a performance de Luiz Lerro "Mercado Performance" no Palco Giratório SESC 2019 e para a peça teatral “Refuja-se Daqui” (2019) de Júnior Lopes sob coordenação de Francisco de Oliveira no grupo de estudos “Criação Musical Sobre Obras Dramáticas” - DARTES/UNIR -, e enquanto membro do projeto de extensão “Espaço para Criações Poéticas”, coordenado pela Prof.a Dra Pritama Brussolo, instalou a obra “Memórias Sonoras #01 - Pilhagem Sonora para Violão e Processador de Efeitos (2019) na exposição “Ocupações Estéticas: Entre Lugar'' ocorrida no prédio do antigo Teatro Municipal e Escola de Dança do Município de Porto Velho.

E ainda nas recente obras audiovisuais "Abraçando Gaia" de Pritama Brussolo (2020), "Vaga" (2021) de Rafael Rogante, indicado às categorias de melhor “Composição e Trilha Sonora” e de melhor “Edição e Mixagem de Áudio” pelo @Kzfilmfestival, o documentário "O Divino Guaporé" (2021) dirigido por Ederson Lauri sobre a festa do Divino Espírito Santo e como compositor e sound designer do filme "Ela Mora Logo Ali" (2022) de Rafael Rogante e Fabiano Barros, premiado no Festival Internacional de Cinema de Gramado em 2023, e ainda da III Mostra Sesc de Cinema com a execução de trilha sonora ao vivo, ao lado de Rinaldo Santos, do filme “Rondônia Hoje” de 1974 dirigido por Vitor Hugo.

Breve Inventário de Águas e Derivações

Renata Roman

Ficha Técnica
Texto, imagens, composição sonora: Renata Roman
Assistente de produção: Angela Novaes

Sobre a obra
O vídeo conduz, a partir de referências textuais de águas reais e imaginárias, a uma incursão imagética e sonora não-óbvia sobre o tema. Peça sonora composta por sonoridades aquosas diversas, processadas e brutas.

Amostra parcial das frases/textos presentes na obra:
água na boca: em certas horas transborda ali
aguardente: queima sem fogo
água doce: beberagem translúcida
água salgada: tão imensa
aguadas: mais águas que...
(...)

Sobre a artista
Renata Roman, nascida em São Paulo. Pesquisa as poéticas do som e práticas diversas de escuta. Tem participado de várias mostras com destaque para FILE Hipersônica 2012 (BR), 14 Bienal de La Habana (CU), Radio Documenta 13, Radio Art Zone 2022 (LX), entre outros. Criadora do mapa sonoro de São Paulo (SP SoundMap).

Água de beber, camará

Juliana R.

Ficha Técnica
Pesquisa, edição de som, mixagem e finalização: Juliana R.

Sobre a obra
A água sempre foi um elemento presente no decorrer da história da música brasileira, seja ao celebrar a sua existência ou ao trazer a poética e simbolismos que essa substância evoca. O projeto consiste no desenvolvimento de uma peça sonora criada a partir de um estudo do imaginário da água que aparece nessas canções.

Sobre a artista
Juliana R. é artista sonora e musicista nascida em Sorocaba/SP - Brasil. Seu trabalho é baseado em pesquisas que investigam as formas de ouvir, falar e cantar, utilizando a performance ao vivo e práticas colaborativas como processo criativo, experimentando formatos onde improvisa com elementos e limitações pré-determinados, utilizando vozes, sintetizadores e fitas k-7.

Fragmentos de uma coreografia de vida e morte

Nélio Costa

Ficha Técnica
Criação, imagens, edição, som: Nélio Costa

Sobre a obra
Uma ariramba-de-cauda-ruiva captura uma borboleta Morpho para se alimentar. Fragmentos da asa da borboleta ficam espalhados no local. Recolho um dos fragmentos e o coloco na água. A brisa movimenta o fragmento criando uma delicada coreografia.

O vídeo se pretende um poema visual tendo a água como suporte e inspiração, na busca de um sentido poético no ciclo da vida.

Sobre o artista
Graduado em Artes Plásticas pela Escola Guignard/UEMG, Mestre em Artes/Cinema pela EBA/UFMG e Doutorando em Media Artes pela UBI - Universidade da Beira Interior, em Covilhã/Portugal.

Atua na área audiovisual, exercendo diferentes funções, como: direção, produção, edição, som e exibição. Recebeu os prêmios de júri e de público no II Arte.Mov-Festival de Arte em Mídias Móveis com os vídeos Tocata e Fuga e Ant Mov, respectivamente. Em 2018 recebeu o prêmio de júri no InnerSound New Arts Festival, na Romênia, pelo vídeo Space Invader.

Tem trabalhos exibidos na Itália, França, Rússia e Portugal. Em 2022, foi um dos artistas selecionados no Cerrado Mapping Festival. Desde 2013 desenvolve ações no campo da Arte Urbana com projeções de imagens e textos em prédios. Atualmente se dedica a projetos de videomapping, ampliando as ações de projeção.

A Voz, Água Corrente

Rita Cupertino e Priscila Norberto

Ficha Técnica
Concepção, entrevistas, sabedoria, locução: Rita Cupertino
Entrevistas, sabedoria: Isabel Cupertino
Produção, gravação, desenho sonoro e edição: Felipe Ivanicska
Locução, declamação, cânticos: Sérgio Diaz
Direção musical, trilha sonora, música “Pra Oxum Bailar”: Bruno Cupertino

Sobre a obra
O projeto A Voz, Água Corrente é um áudio-documentário experimental sobre a história da família Cupertino e sua relação com as águas e a natureza do Barreiro, um bairro de Belo Horizonte que é às vezes considerado periferia, mas que tem uma cultura tão própria que é como uma outra cidade com seus próprios centros. Elas são fundadoras, defensoras e ex-gestoras do Parque das Águas, que tecnicamente tem o nome de Parque Ecológico Burle Marx, mas que é carinhosamente lembrado e reconhecido pela comunidade local por sua característica predominante: suas águas.

As Cupertino (no feminismo mesmo, pois é uma tradição primordialmente matriarcal) são vivenciadoras das tradições espirituais afro-brasileiras, o que poderia ser resumido no aspecto religioso e ritualístico no nome Umbanda, mas que transcende essas práticas e permeia toda a vivência, cultura e ações sociais delas. O documentário irá registrar, com entrevistas e passeios de captura de áudios pelas matas do Barreiro, como foi a experiência dessa família através das décadas, ouvindo principalmente Rita Cupertino, Isabel Cupertino e Bruno Cupertino, principais mantenedoras da tradição atualmente. Elas irão contar como subiam a Serra do Rola-Moça, seguindo o Córrego do Clemente, identificando plantas e suas aplicações na saúde, praticando a higiene mental e espiritual através do contato com a natureza, absorvendo a importância de se ter na prática um cuidado e consciência ecológica do papel do ser humano como parte da natureza, o que elas praticam há gerações através das plantas medicinais do sagrado, os cânticos e rezas. Sua relação com a natureza extrapola a religião formal e ritualística e irriga todas suas ações na sociedade, tanto que foram as principais responsáveis pela fundação do Parque das Águas em 1994, uma reserva ambiental de mais de 175.000m², que atualmente é vivenciada e apropriada pela comunidade, contando com diversas atividades e ocupações, como por escoteiros, atividades esportivas, pesquisas acadêmicas e escolas que trazem a seus alunos esse contato e aprendizado cada vez mais raro com a natureza.

Rita, Isabel e Bruno Cupertino, além de concederem entrevistas e guiarem essa narrativa memorial, também trarão seus cânticos, sonoridades e musicalidades que são parte fundamental de sua tradição, transformando o episódio final em mais uma forma de perpetuar essas tradições de forma marcante através da força da música. A novíssima geração da família será representada por Bruno Cupertino, herdeiro das tradições e compositor principalmente de sambas, que irá colaborar com a música Pra Oxum Bailar e outras intervenções sonoras guiando.

A produção, gravação, desenho sonoro e finalização do áudio-documentário ficará por conta de Felipe Ivanicska, que há 10 anos se dedica a produzir obras neste formato, desde 2018 publicando com o nome de Histórias Vizinhas. O contato com as mestras Isabel e Rita surgiu durante o projeto Paibola, uma agência de podcasts documentais com sede no Barreiro de Cima, executado entre 2021 e 2023 com recursos do edital Descentra da Sec. de Cultura de Belo Horizonte. O contato com o Barreiro é mais antigo ainda, quando em 2018 Felipe executou seu primeiro áudio-documentário “Carnaval de luta e de todas as ruas”, dentro do projeto Mapa da Folia, uma obra de 42 minutos que registra um movimento bastante atípico de um grande ressurgimento do carnaval no Barreiro e na Zona Oeste, quando até blocos tradicionais do Centro desfilaram por lá (como o Pena de Pavão de Krishna), além de ser a sede e o tema da marchinha ganhadora do concurso Mestre Jonas daquele ano, com o tema “Esperando o Metrô”.

Sobre a artista
Rita é mulher negra, pedagoga, belo-horizontina; participou da criação e coordenou creches na região do Barreiro/BH, onde realiza várias ações relativas ao combate ao racismo e à promoção da igualdade racial, principalmente nas instituições educacionais das quais é parceira. Gestora ambiental; coordena o Centro de Vivências Agroecológicas, gerenciado pela Fundação de Parques Municipais/BH. Raizeira; é palestrante, militante e Coordenadora Estadual do MNU (Movimento Negro Unificado). Integrante do RUM (Reunião Umbandista Mineira), é matriarca, coordenadora do Centro Espírita Pai Joaquim da Praia Vermelha; autora do livro “História das Pretas - alinhavos de memórias” (2023 - Literíssima Editora).

Afluentes

Henrique Roscoe

Ficha Técnica
Criação, programação, som e imagem: Henrique Roscoe

Sobre a obra
Afluentes é uma instalação interativa onde a soma das individualidades de cada participante leva ao resultado amplificado das potências de cada um. A intenção é mostrar como cada pessoa tem o poder de influenciar o percurso dos processos coletivos, alterando seu fluxo e indicando novos caminhos. Cada interação individual é sobreposta às dos outros participantes criando uma síntese colaborativa que resulta na geração de sons e imagens em tempo real.

Em termos práticos, a instalação é composta por três sensores de batimento cardíaco, um alto-falante, um recipiente com água, uma câmera e um projetor.

Por meio dos três sensores a ele acoplados, um microcontrolador arduino recebe a informação e a transforma em som, onde a frequência de cada sensor gera um som diferente, que é sintetizado em tempo real pelo microcontrolador. Este som é amplificado por um alto-falante posicionado com a "boca" para cima, com um recipiente com água em cima dele.

Por meio de um fenômeno chamado cimática (https://en.wikipedia.org/wiki/Cymatics), as ondas sonoras que saem do alto-falante são traduzidas em padrões de movimento na água, criando uma visualização do som. Quando um segundo interator começa a participar com o seu batimento, os padrões gerados passam a ser a soma das duas frequências, alterando a imagem que se forma no recipiente com água. O mesmo acontece quando entra o terceiro participante.

A intenção da obra é apontar como a participação de cada um é vital para a concretização do todo, que neste caso é materializado em som e imagem. Cada mínima variação no batimento de um dos participantes leva à criação de novos padrões sonoros e visuais, modificando radicalmente o resultado final.

Sobre a artista
Henrique Roscoe é artista audiovisual, músico e curador. Trabalha na área audiovisual desde 2004, explorando caminhos da arte generativa e visual music; investigando as relações entre som, imagem e narrativas abstratas simbólicas. Procura no diálogo com a máquina expandir as possibilidades criativas e explorar os limites entre o determinado e o aleatório. Através do uso de programações e da construção de instrumentos originais, cria comportamentos específicos para cada elemento em cena, sempre buscando relações conceituais estabelecidas a partir do uso dos princípios fundamentais de som e imagem.

Com o projeto audiovisual conceitual e generativo HOL se apresentou nos principais festivais de imagens ao vivo no Brasil como Sónar, FILE, ON_OFF, Live Cinema, Multiplicidade, FAD e também no exterior, na Inglaterra (NIME, ICLI, Encounters), Alemanha (Rencontres Internationales, Spektrum), França (Bains Numériques), Polônia (WRO Biennale), Escócia (Sonica), EUA (Gameplay), Grécia (AVAF), Itália (LPM e roBOt), México (Transitiomx) entre outros.

Trabalha com curadoria em arte digital, tendo participado de eventos como FAD - Festival de Arte Digital, Visualismo, Festa das Luzes e Festival Marte. Desenvolve instalações interativas, programando em max/msp e vvvv e cria instrumentos e interfaces interativas usando sensores e objetos do cotidiano. Produz video-cenários para bandas como Earth Wind and Fire, Skank, Roberto Carlos e eventos no Brasil, Alemanha e Estados Unidos. Como VJ participou dos festivais Skol Beats, Creamfields, Nokia Trends, Motomix, Eletronika, entre outros.

Graduado em Comunicação Social (UFMG) e Engenharia Eletrônica PUC/MG), possui Especialização em Design e Cultura (FUMEC) e Mestrado em Poéticas Tecnológicas, pela Escola de Belas Artes da UFMG.

Águas Mulheres Sagrada

Juhlia Santos e Mayara Chantal

Ficha Técnica
Direção: Juhlia Santos
Edição e Captação de Imagens: Mayara Chantal
Apoio: Anavilhana e Renca

Sobre a obra
Assim como águas, nós mulheres podemos ser fortes para transpor, inundar, afogar, mas também resilientes o suficiente para fecundar, saciar e correr por lugares inimagináveis. Somos atravessadas por diversas expressões de mulheridades, bebemos de diversas mulheres que contribuem diretamente ou indiretamente para nos tornar quem somos.

Somos partes umas das outras que em algum momento foram descoladas e agora estamos nos reencontrando. Mulheres Águas Sagrada se dispõe a sacralizar e eternizar memórias, vivências, passagens e contribuições dessas mulheres potentes que nos atravessam.

Em diálogos transversais chegamos no indicativo de cinco mulheres que nos atravessaram em pontos comuns, somos duas mulheres que partimos de tempos e vivências diferentes e que beber dessas mulheres águas sagradas de fato foi o que nos conectou.

Em formato de vídeo documentário/vídeo arte, pretendemos mesclar relatos, memórias, fotos, projeções e nossas expressões artísticas.

Sobre a artista
Juhlia Santos é produtora cultural, jornalista, pesquisadora de gênero atrelado a raça. Direção e colaboração em curtas metragens.

Orações metafísicas sobre a frequência da água

Vanessa Nicolav, Filipe Giraknob e Angela Novaes

Ficha Técnica
Edição de imagens e produção do vídeo: Vanessa Nicolav
Trilha sonora: Filipe Giraknob
Produção executiva: Angela Novaes

Sobre a obra
O reflexo narcísico das formas terrestres na superfície de um lago calmo, o convulsionar da água borbulhante num jarro sobre o fogo, a oscilação rastejante da água do rio sem vida e cheio de história humana.

Três momentos da água e os reflexos de suas frequências, sobrepostos aos espectros das ondas sonoras da voz e da máquina.

Refletir sobre a amplitude da água como condutor e gerador de energia. Repensar a água pra além da função material e exaltar suas propriedades imagéticas e simbólicas. Sua característica de reflexo como espelho do mundo. A transparência como caminho pra observar através dos objetos artísticos pra além da metáfora do olhar translúcido.

Produzido pela artista visual e cientista social Vanessa Nicolav, e pelo artista sonoro Filipe Giraknob, a peça "Orações Sobre a Frequência da Água" é um híbrido de investigação retórica e sensível que combina achados do devaneio-exploração cotidiana e imagens símbolos da crise ontológica e ambiental que nos assombra. O resultado é uma provocação estética e meditativa sobre os limites e possibilidades de renovação, de simulação iniciática, de nossa imagem primordial de vida que subsiste em nossa mitologia ocidental.

O presente projeto busca associar três módulos de frequência: a oscilação da água, a oscilação das ondas sonoras do som digital e a frequência produzida pela emissão da voz humana. Sobreposição sonora, imagética, filosófica. Tendo como tema de meditação a conexão contígua e constante do que dispara todas as ondas em movimentos e nunca se detém: energia.

Meditar sobre a correspondência da água, como veículo condutor, mantenedor de vida, sua presença constituidora em nossos corpos, e a troca permanente desse elemento entre os rios da terra, dos ares e dos seres é o tema central desse experimento de filme-ensaio.

Sobre o coletivo
Vanessa Nicolav nasceu em São Paulo em 1982. É cientista social e artista visual. Investiga imagens em seus limites de representação a partir de trabalhos de pesquisa documental e experimentação de poéticas visuais.
Link: vimeo.com/vnicolav

Filipe Giraknob nasceu no Rio de Janeiro em 1979. É músico, compositor, improvisador e pesquisador sonoro. Trabalha no campo da música experimental como artista e produtor de eventos.
Link: gambutrol.bandcamp.com

Angela Novaes é produtora na Brava.
Link: brava.etc.br

Yemanjá

Leonardo Catapreta

Ficha Técnica
Direção, texto, desenho e animação: Catapreta

Sobre a obra
O vídeo documentário do processo criativo que apresenta uma perspectiva gravada em tempo real, sobre como uma obra de arte é concebida e executada. O filme demonstra visualmente o processo de produção de um desenho sobre a deusa Yoruba Yemanjá que, no Brasil, é reverenciada como senhora das águas salgadas do mar, protetora dos navegantes e que recebe, no dia 2 de fevereiro, festas e louvações em sua homenagem pelos seus fiéis da umbanda, do candomblé e de devotos de outras vertentes religiosas.

Sobre o artista
Catapreta nasceu em Belo Horizonte e morou no bairro Alto Vera Cruz, desde a sua infância, até por volta dos 30 anos. Sua família é umbandista e ele sempre conviveu com a cultura de terreiro. Seu primeiro trabalho foi como pintor de brinquedos de Parques de Diversão e de Circos. Ofício que se iniciou por acaso, ao procurar trabalho no Parque Municipal de Belo Horizonte, onde operam algumas empresas do ramo de brinquedos. Catapreta passou a viajar pelo interior de Minas Gerais e, posteriormente para outros estados, pintando painéis decorativos de Rodas Gigantes, Samba, Rotores, Trens Fantasmas, Barcas, carroceis... Após algum tempo nesse ofício, resolveu prestar vestibular para Belas Artes na UFMG, sendo classificado, cursou Desenho e, posteriormente, Cinema de Animação na EBA – UFMG.

Trabalhou por alguns anos como designer e artista plástico, vendendo obras autorais de artes plásticas e criando identidade visual para peças de teatro, exposições de outros artistas e cartazes de cinema. Em 2007, lançou seu primeiro curta metragem, Moradores do 304, que foi muito bem recebido pela crítica de cinema independente. Nesse período, começou a participar de mostras e festivais de cinema em vários estados e no exterior, como o Festival de Tiradentes, Festival de Brasília, Festival de Tampere na Finlândia, entre outros. Em 2010, lança seu segundo curta, O Céu No Andar de Baixo, filme que lhe rendeu mais de 50 premiações, participação em dezenas de festivais no Brasil e no Exterior, incluindo o maior festival mundial de Curtas-metragens mundial, O Festival Internacional de Curta-Metragem de Clermont-Ferrand. Entre os prêmios que recebe, estão o de Melhor Curta-Metragem de Animação - Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2012 – da Academia Brasileira de Cinema, Diretor Revelação e Prêmio Escolha do Público no 14° Festival Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira (Portugal), Troféu Mucuripe de Melhor Curta-Metragem e Prêmio Da Crítica de Melhor Curta-Metragem no 21° Cine Ceará - Festival Iberoamericano de Cinema, Prêmio de Melhor Curta de Animação no 3° Fibabc - Festival de Curtas Metragens (Espanha), Melhor Filme - Alucine - Festival De Filme e Arte Audiovisual Latina de Toronto 2011 (Canadá), Grande Prêmio no Festival do Júri Popular, além de Melhor Roteiro e Melhor trilha Sonora - Festival do Júri Popular 2011.

Atualmente, Catapreta continua produzindo e dirigindo filmes, pintando murais, desenhos e cerâmicas em que imprime uma estética e uma leitura muito particular da cultura negra de terreiro, fora de uma certa padronização visual e conceitual de representações que se dedicam a tematizar os Orixás, Nkisses, Voduns, as entidades e as personalidades heroicas e místicas do legado diaspórico negro.

Seu último filme, Dona Beatriz Ñsîmba Vita (2023 – 20min), produzido com o fomento do edital BH nas Telas, é um enredo livremente adaptado dos acontecimentos históricos em torno da heroína congolesa Dona Beatriz Ñsîmba Vita (Kimpa Vita), uma mulher negra, que viveu no Congo entre os séculos XVII e XVIII, que foi perseguida e assassinada pela igreja católica através das missões colonizadoras portuguesas por ser considerada uma herege. Essa referência histórica é embalada pela estética e pelo estilo narrativo muito particular do artista e realizador Catapreta, que versa sobre a ancestralidade negra, as questões raciais e as mitologias de matriz africana.

Quem disse que água e corpo são tão diferentes?

Karen Martini e Leonardo Pedro Faoro

Ficha Técnica
Roteiro: Karen Martini e Leonardo Pedro Faoro
Sonorização: Karen Martini e Leonardo Pedro Faoro
Narração: Karen Martini e Leonardo Pedro Faoro
Edição de áudio: Karen Martini e Leonardo Pedro Faoro
Performers: Leonardo Pedro Faoro, Karen Martini, Steffani Kaori Gusukuma Conidi, Tália de Moraes Vergueiro e Petrovna Anderson
Edição de vídeo: Karen Martini e Leonardo Pedro Faoro

Sobre a obra
O que nos leva a pensar que somos tão divergentes de rios, cachoeiras, mares e nascentes? E o que tem de tão diferente num corpo que não pode ser mudado? Este é um audioguia para escutar a si. Esse é um convite para derreter o gelo e descanalizar rios internos, uma expedição pelas cachoeiras do acaso ou talvez um mergulho no mar. Ao longo deste audioguia, vamos te contar coisas, vamos fazer perguntas, e vamos te sugerir que faça algumas coisas. O que você faz, e como, depende somente de você. Sugerimos que você o escute com fones de ouvido, e que tenha próximo uma caneta, um papel, uma bacia com água, e espaço.

Após escutar o audioguia, te convidamos a assistir o vídeo abaixo, no qual condensamos as experiências de cinco artistas diferentes ao passar por esta experiência. Caso queira compartilhar conosco o que sentiu, pensou ou fez durante a escuta do audioguia, na forma de vídeos, fotos, áudio ou textos, nos envie por email em karen.martini@alumni.usp.br, e faremos um repositório destas experiências.

Sobre a dupla
Karen atua em projetos de mediação e facilitação, trabalhando na intersecção da performance, cidade e dinâmicas sociais para construir experiências transformadoras. Investiga performatividade, identidade e a forma como contamos histórias, em residências na University of the Underground, Espaço Pigmalião de Teatro e Centro Cultural da Diversidade e através do design de jogos como o Jogo da Casa Compartilhada (Fundo FICA, 2021), Brincando com Confiança e AtivaCidade. Se fascinou pelo poder da ludicidade, da experimentação, do teatro e da contação de histórias como ferramentas radicais para processos transformadores.

Leonardo Pedro Faoro é musicista e professor de música em uma escola para pessoas com deficiência intelectual (PTI) que tem como objetivo levar essas pessoas a trabalhar e ter uma vida com autonomia. Atua com projetos musicais dentro da escola como produção de instrumentos, percepção corporal, entendimento de ritmos e/ou percepção auditiva, e também trabalha como sonoplasta de peças teatrais. Leonardo também se entende como pessoa trans masculina que busca aprender com o próprio corpo e entendimentos, como também ensinar as pessoas a se compreender melhor.